Sertão, Fé e União
Augusto Gonçalves Ribeiro
O Fogo arde
O Ar resseca
A Terra queima
A Água se esvai
O Som estremece
No verão
A Terra não produz
A Água não permanece
O Sol caleja
O Ar causa vertigem
E o sertanejo sofre
No inverno
O verde renasce
A natureza rejuvenesce
A fertilidade reconduz a asa branca
E o som da vida
Se espalha
Na plantação
No lar
E no coração
Pobreza Miserável
Sofrimento Inexorável
Amargura Infinita
Fé Iniludível
Esperança Divina
Fome Incomensurável
Sede Interminável
União Mística
O Retirante trilha seu destino
O Acaso o condena
Morre a sua pequena
A dor avulta no peito
A Morte chega, abala
A lágrima petrificada escorre
O coração dilacerado
Grita e chora
O corpo se desmaterializa
A etérea alma se dimensiona
O tempo implacável
A crença incomensurável
Reconduz o sertanejo
À sua trilha de luta, amor e devoção
Apesar de tamanha humilhação
Acredita na reconciliação
Um dia Homem e Natureza
Demostrarão sua Beleza
No equilíbrio cósmico
Sofrimento vivenciado
Esperança interminável
Resignação predestinada
Trabalho dignificante
Amor emoldurante
Orgulho edificante
Força inabalável
Energia inesgotável
Universo
Natureza
Identidade
Amor
Oração
O Anjo primeiro
Aparece ao acaso
Sem compreender o seu entorno
Como se sempre estivesse contemplando
O sertão em sua originalidade, livre e irresponsável
Não diz uma palavra sequer e
Desaparece
O Anjo segundo
Identifica as formas antitéticas
Seca / Chuva
Morte / Vida
Dor / Alegria
Solidão / Companhia
E contextualiza:
É desta terra que hás de comer o fruto
De seu trabalho e amor, pois
O futuro está marcado
Nas ações e reações de ocorrência concreta
O Anjo cósmico, terceiro,
Com sua inteligência suprema proclama:
O Amor é o Caminho
siga-o os bens aventurados
e estarás junto Dele.
Quando o Homem se encontrar com o Senhor
Libertar-se-á da Dor.
A janela do destino se abre
Vidas são lançadas ao acaso
Confrontadas com a realidade existencial
E a partir da inferência simbólica
São transportadas
E um novo ciclo se inicia...
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